domingo, 25 de julho de 2010

Cocaína: Enganando o sistema dopaminérgico

Como vimos em posts anteriores, a dopamina é um neurotransmissor responsável, dentre outras coisas, pelas sensações de prazer e motivação. O grande perigo da cocaína, é que age exatamente no estímulo da dopamina. Por isso, além das sensações de prazer e motivação (atuação no sistema nervoso central), a cocaína é vasoconstritora e anestésica. Dessa forma, foi utilizada no passado como anestésico e antihemorrágico.

Sigmund Freud, médico e fundador da psicanálise, fez vários experimentos com cocaína no século XIX. Utilizou-a inclusive como um dos primeiros psicofarmacológicos. Em seus estudos, o objetivo era tratar os vícios por morfina e por álcool que dominavam a Europa. Num outro momento, Freud chegou a utilizar a cocaína como tratamento para depressão (inclusive aplicava em si próprio para entender os efeitos!), como estimulante sexual e como descongestionante nasal. No entanto, após perder um amigo e um paciente por overdose de cocaína, Freud percebeu o risco oferecido pela droga.

Posteriormente, uma empresa norte-americana desenvolveu um remédio contra a depressão chamado: Coca-cola! O remédio tornou-se refrigerante e com a proibição da cocaína, seus componentes foram retirados da fórmula.

Mas como funciona a cocaína? Bem, ela atua especificamente nos transportadores de dopamina (estudos mostram que atuam também nos transportadores de noradrenalina e serotonina) bloqueando-os. Dessa forma há acúmulo de neurotransmissores na sinapse, pois eles não são captados novamente pela célula (ler mais sobre os transportadores no post: Receptores de Dopamina). Até que a cocaína seja eliminada, a sensação é de prazer, motivação e estímulo. Veja o vídeo que explica esse bloqueio dos transportadores:







É claro que essa sensação boa dura aproximadamente 30 minutos, mas os efeitos ruins provocados pela cocaína são duradouros. O acúmulo de dopamina na fenda sináptica faz com que seja necessária maior quantidade de neurotransmissor para causar o mesmo efeito, pois os receptores dos neurônios pré-sinápticos tornam-se mais sensíveis ao neurotransmissor. Esses receptores quando são estimulados boqueiam a liberação de dopamina para fenda sináptica. Então, quando o indivíduo não está sob o efeito da droga sentirá as sensações contrárias, de depressão, fadiga e desestímulo.

Além disso, o excesso da droga causa vasoconstrição causando hemorragias e necroses no cérebro (foto ao lado), casadas pela falta de oxigenação. O mesmo pode ocorrer no músculo cardíaco, podendo levar a morte súbita por infarto do miocárdio.

A cocaína não é brincadeira! Pode causar prazer e estímulo enquanto age, mas acostuma o corpo a só sentir prazer enquanto ela está no corpo. Por isso, pessoal, não vale a pena! Pouco tempo de euforia que trará sérios problemas a curto e médio prazo (para um viciado em cocaína, não há longo prazo). A dopamina é liberada após atividades prazerosas, por isso procure liberar a dopamina de forma saudável! Exercícios físicos, jogos, desafios e a prática sexual, são excelentes estimulantes da dopamina!



Até a próxima!



Caio Carvalho - MED 91

Referências Bibliográficas:
http://www.cerebromente.org.br/n08/doencas/drugs/anim1.htm
http://www.antidrogas.com.br/art_convulsaococaina.php
http://en.wikipedia.org/wiki/Cocaine
http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/biografia.html

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